segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

I

Eu quero ser como a porteira que leva chifrada de touro bravo e permanece intacta. Madeira como ela só que alimenta o fogo e se perde negra; carvão. Ela própria disfarçada de tinta branca, madeira.
- Que os bichos não comam meus pés soterrados no barro. Meus pés, esfinges para a grama que cresce baixa e morre alta no meio dos canaviais onde as moças se escondem para fazer coisas proibidas e dançar entre os espinhos, engalfinhadas aos pescadores.
Eles, quase sempre muito fortes, saem 3 vezes ao dia pra pescar carapaus e tucunarés... Independente da originalidade opostamente aquática dos citados, o fato é que se encontram na cozinha e juntos servem de comida pra família que todo dia reza no mesmo horário para agradecer mais uma trinca de boa água.
A poucos quilômetros daquele lugar, na zona ribeirinha, o asfalto já traz vestígios urbanos como anúncios comercias e faixas de candidatos a vereadores.
Na venda do Adair, cachaça branca curtida em tonel de barro com buquê de álcool etílico mesmo e quatro homens que jogam sinuca.
Ivone frita torresmos pra dois bêbados que conversam sobre o jogo de futebol de depois da sesta: Cavucá x Seumininos.

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