quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Alivia


És aurora, amiga minha
que entre as cores me desperta.
Mata as dores sob os olhos,
é mulher de rara espera.

Se entre passos, apareces
como quem, sem medo, pula.
Em segredo te confesso;
minhas marcas, também tuas.

Só em drama, não queria
escrever-te em poucas linhas.
Mas teus dedos delicados,
encravados nos meus versos,
são pedaços descalçados
dos gotejos de protesto.

São meus fios desfiados
em papéis de prostitutas.
O torpor desmoronado
da farinha branca e pura.

Como a pele que é, em Lívia,
água, azeite, frase, lira.
És perfume adocicado.
Eau de vie, salue Marie!

És aurora, amiga minha.