segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Antonio Loureiro lança seu primeiro cd no Brasil, com turnê prevista em Portugal




Antônio Loureiro lança dia 27 de fevereiro, no Café com Letras, às 17hs, seu primeiro cd autoral, produzido de forma totalmente independente, e que conta com a participação de grandes nomes nacionais e internacionais como André Mehmari, Marcelo Pretto, David Linx, Fabiana Cozza, 5to Sugeito a
guincho, Sergio Pererê, entre outros.
O premiado multi-instrumentista, graduado em percussão pela UFMG, com especialização em composição e teclados de percussão, tem cada vez mais se interessado pela linguagem popular brasileira aplicada a instrumentos de origem estrangeira e desenvolvido, em paralelo, seu trabalho como compositor de canções e agora também experimentando interpretar algumas de suas músicas.
Antonio que, aos 20 anos, conquistou o prêmio de composição do banco BDMG e teve, recentemente, sua obra reconhecida por David Linx, um dos grandes exponentes do jazz europeu, agora, aos 23 anos, pretende introduzir seu trabalho na Europa, começando com uma turnê que vai do norte ao sul de Portugal e passa ainda por países como Espanha e França.
Em Portugal, o lançamento oficial acontece no teatro Santiago Alquimista, em Lisboa, onde Antônio já tem também outros shows agendados em casas tradicionais como a Fábrica Braço de Prata, Onda Jazz, Teatro Tempo, em Portimão, nas Fnacs, entre outros.
Nos shows, músicos brasileiros como Matheus Bahiense (bateria), Rafael Martini (piano, violão, acordeon e voz), Frederico Heliodoro (contra-baixo acústico, elétrico e voz) e Joana Queiroz (clarineta) acompanham Antonio, que também contará com as participações especiais das cantoras portuguesas Eugénia Mello e Castro e Susana Travassos.
Além de participar de programas nos canais RTP 1 e 2, onde, há pouco tempo, esteve Sueli Costa, grande nome da música popular brasileira, Antonio, pretende divulgar através de outras mídias e principalmente dos shows, o seu trabalho que é reflexo da música de grande qualidade que vem sendo feita atualmente na cena belorizontina.

Abaixo, uma entrevista com o multi-instrumentista:

Se você pudesse listar suas principais referências na música, quais seriam?
Seria muito listar tudo. Muita musica que acontece em Minas me influencia porque tem muita musica. Desde que toquei bateria na banda de Toninho Horta, a música dele me influenciou e ensinou muito em todos os instrumentos que toco hoje. Milton Nascimento também é uma grande referência em alguns aspectos da canção. Kristoff Silva também. Fora estes, Maria Schneider, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, o Rafael Martini que toca piano comigo, muitos bateristas como o Esdras Neném Ferreira, Brian Blade, os grandes pianistas Herbie Hancock, Brad Mehldau e a música de Wayne Shorter. Outro grupo que venho escutando muito e que acaba me influenciando é o trio the Bad Plus. Não posso esquecer-me do mestre Senegalês Doudou Rose e seu grupo maravilhoso.


Como você definiria suas composições?
Gosto de musica! Gosto de trabalhar com a canção bem como com a música instrumental. Aprecio escrever para os instrumentos, aprender a tocá-los. Me atrai o resultado musical que um gênio como Stravinsky consegue alcançar, assim como me atrai o resultado musical que o pessoal dos Radiohead alcança. Fora a música popular do Brasil e do mundo, as manifestações populares do Brasil, a musica Africana, dos Pigmeus enfim... Essas coisas estavam na minha mente quando eu compus essas músicas que apresento.
O que você conhece de música portuguesa?
Conheço pouco o Fado (quero muito conhecer nessa viagem), a música de Mário Laginha, Maria João, Eugenia Mello e Castro e Susana Travassos. Conheço também um pouco do trabalho maravilhoso do percussionista Pedro Carneiro e do grupo de percussão Drumming.
Como foi trabalhar com o David Linx?
Eu conheci o David em 2008. Ele é um grande musico belga que tem uma história incrível de música e que, além de ter gostado muito do meu trabalho, quando nos conhecemos ficamos muito amigos e ele sempre me deu forças pra realizar este álbum que estou lançando em Portugal. Pude contar com a maravilhosa performance dele no meu CD na música “A Partir”, parceria com Leonora Weissmann que interpreta a canção.

Depois de um trabalho reconhecido não só na cena musical belorizontina e tantas parcerias com grandes nomes da música do mundo, como é, pra você, lançar esse primeiro disco, de forma totalmente independente?

A decisão de continuar um árduo trabalho sem fim! Eu vejo que para a música que fazemos, temos que procurar meios independentes de realizá-la, meios diferentes. Essa viagem é uma caça a diferentes formas de se trabalhar com a música que fazemos. A intenção é buscar o reconhecimento de quem é próximo e tem afinidade com essa música que faço, para se estabelecer a troca, o laço que faz essa música acontecer. Em Belo Horizonte esse reconhecimento me parece ser mais difícil ou então mais lento. Você tem que esperar outros grandes músicos e compositores com mais estrada, serem reconhecidos primeiro e, numa terra com tanta música boa, isso se torna cada vez mais difícil para o artista.

Quem fez a direção musical do disco?
Eu

É difícil criticar o nosso próprio trabalho, mas você, como diretor, produtor, instrumentista, compositor e intérprete do disco. O que você diria do resultado desse trabalho?

É um processo de experimentação. Agora já estou entrando em outra fase. Por exemplo: mais da metade do show são de musicas novas já, ou mais antigas do que o CD e que não entraram. Quer dizer, eu escuto curtindo bem algumas coisas, e já querendo fazer outras novas. Eu gosto de escutar o disco todo. Ele não é grande e tem um caminho bom. As músicas são muito diferentes uma da outra e o fato de ter vários intérpretes torna a escuta mais cheia de surpresas agradáveis, porque os convidados são sensacionais!

Muitas vezes é preciso sair para ser valorizado dentro da sua "casa". Você acha que uma turnê de lançamento na Europa abre as portas para o seu trabalho no Brasil? Quais são as suas expectativas?

A história nos mostra isso não é? Ao mesmo tempo podemos estar vivendo uma era musical diferente. Não sei como será isso. Tomara que seja melhor pro trabalho esta turnê, pois é muito difícil ainda promover meu trabalho no Brasil. Especialmente em Belo Horizonte. Gostaria muito de tocar mais em lugares legais pras pessoas irem conhecendo essa música que está sempre se transformando. Tem muito mais novidade e música do que show. (Risos)
O bom é que esses concertos vão agulhar o grupo para, quando voltarmos, fazer um show bem legal aqui. Acho que os produtores de Belo Horizonte não confiam tanto na nova cena musical da cidade. Pode ser que tenham razão em alguns casos, mas isso não pode comprometer toda cena musical. Tem de sempre estar atento ao que é feito e enxergar o que tem capacidade de crescer, investindo nisso.

Você se lembra da primeira vez que ouviu a master finalizada? Se pudesse dizer uma palavra pra definir o que você sentiu, qual seria?

Fim

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