segunda-feira, 18 de maio de 2009



Por e para a loucura, se joga.
Na brincadeira,a realidade na rua.
Do gozo à favela, na quietude do abrigo burguês.

Por e para a loucura, se come.
Na carne, o sabor da contravenção.
Dos pés à cabeça, na poesia da negação, a ignorância.

Por e para a loucura, se vive.
Na pele, as marcas da história,
da guerra, dos gritos, dos mitos.

Para a loucura, basta ser...

A dor do espancado.
O amor dos mal amados.
Os traços do tempo.
O primeiro nome dos analfabetos.
O nojo dos estuprados.
O sujo dos mal lavados.
A fome da "vaziês".
A arma dos assassinos.
A boca dos oprimidos.
A consciência da razão.
A fúria dos angustiados.
A angústia da corrupção.

Para a loucura, basta ser...

O erro dos perfeitos.
A traição do próprio desejo.
A culpa dos sensatos.
O que se entrega de olhos fechados.
A doença que contamina.
O outro ser, sem você.

Para a loucura basta ser...

Os olhos, o cheiro, a boca.
O som que não se contém.
A entrada e a saída.
A permanência de não se permanecer.

Parafrasear antangonicamente a Loucura é como alcançar o seu bastante ser.

6 comentários:

Henrique disse...

queria saber de quem é a pintura, tá tão pequenininha e parece tão bonita...

valeu, beijo.

Alexandre disse...

Gostei da sua poesia!

Parabéns,

Alexandre

Renato Villaça disse...

aê, lôka.

Pedro disse...

"Para a loucura basta ser a fome da "vaziês", a culpa dos sensatos, a traição do próprio desejo." Parabéns por todos os versos, mas esses são bem concisos e belos. Esses versos me fizeram lembrar do livro "A Náusea" do Sartre. (...) Gosto de pensar e sinto a obrigação e o peso de ser livre, imerso no infinito e, assim, sigo clareando dúvidas e lidando com a loucura e insensatez deste mundo... Parabéns pelo blog. Voltarei sempre!

Unknown disse...

Achei você!

Henrique disse...

segall?