
Por e para a loucura, se joga.
Na brincadeira,a realidade na rua.
Do gozo à favela, na quietude do abrigo burguês.
Por e para a loucura, se come.
Na carne, o sabor da contravenção.
Dos pés à cabeça, na poesia da negação, a ignorância.
Por e para a loucura, se vive.
Na pele, as marcas da história,
da guerra, dos gritos, dos mitos.
Para a loucura, basta ser...
A dor do espancado.
O amor dos mal amados.
Os traços do tempo.
O primeiro nome dos analfabetos.
O nojo dos estuprados.
O sujo dos mal lavados.
A fome da "vaziês".
A arma dos assassinos.
A boca dos oprimidos.
A consciência da razão.
A fúria dos angustiados.
A angústia da corrupção.
Para a loucura, basta ser...
O erro dos perfeitos.
A traição do próprio desejo.
A culpa dos sensatos.
O que se entrega de olhos fechados.
A doença que contamina.
O outro ser, sem você.
Para a loucura basta ser...
Os olhos, o cheiro, a boca.
O som que não se contém.
A entrada e a saída.
A permanência de não se permanecer.
Parafrasear antangonicamente a Loucura é como alcançar o seu bastante ser.