quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Uma só


Se ele soubesse que o gosto da laranja é ácido,
Beijar-me-ia até sugar meu gozo.
Ousar-me-ia até olhar meu rosto.
Sentir-me-ia até não poder mais.

Mas ai de quem, por trás de outra, esconde
Vivaz sorriso insípido, ousado, inquietante,
Medroso, de teor inócuo, juras de amor me faz.

Prometo, então, dar-te o que queres,
Sem me mostrar inteira, sem me escravizar,
Sem dar-te os meus cheiros, meus recheios.
Não te deixo salivar.

Só dou-te o doce da laranja.
A casca, grossa, amarga.
Não chupas meu bagaço.
Traço-te em pedaços.

Num gesto coincidente,
Ousa agora me atrapalhar?
Digo-te c’oas palavras que planejo de improviso.
Termino meus versos por não deixar-me acabar.

4 comentários:

Nilmar Barcelos disse...

Arrasaaaa o meu projeto de vida!

Anônimo disse...

mto lindo esse poema....
quadro maravilhoso oq q escolheu para ilustrar!:)

abraços e felicidades
Larissa Mattos

Renato Villaça disse...

abusada...

Manoel de Oliveira disse...

Seu texto me trouxe saudade, a quanto tempo não nos falamos?